segunda-feira, 13 de fevereiro de 2012

TORRES DEL PAINE

     No segundo dia da viagem, após o passeio à Isla Magdalena, peguei um ônibus com destino a Puerto Natales, conhecida por ser o ponto de partida para o Parque Nacional Torres Del Paine, declarado Reserva da Biosfera pela Unesco em 1978. Conta com cerca de 220 mil hectares.

    Comprei a passagem pela empresa Buses Pacheco (http://www.busespacheco.com/). Se você comprar ida e volta (Punta Arenas - Puerto Natales) ganha um desconto e cada trecho sai por 4 mil pesos. A viagem tem duração de cerca de três horas e as estradas são excelentes. Todo guia da Patagônia recomenda que na alta temporada você adquira a passagem de ônibus com antecedência, mas eu consegui comprar no dia mesmo.
    A cidade de Puerto Natales não tem tantos atrativos. É bem mais turística que Punta Arenas.
    Fiquei no hostal Casa Cecília (http://www.casaceciliahostal.com/). Recomendo, pois é bem localizado e tem quarto espaçoso. Além disso, você poderá deixar sua bagagem lá enquanto visita Torres del Paine. Diária em quarto privativo por cerca de 30 mil pesos. Lá eles alugam equipamentos para camping e trekking.  O dono me indicou uma agência de turismo para acertar a ida a Torres del Paine. 
    Eu já tinha me conformado com o fato de o Parque estar fechado em decorrência do incêndio provocado por um turista inconsequente. Mas, para minha alegria, o parque foi reaberto parcialmente um dia antes de eu chegar a Puerto Natales. Então fui até a agência Fantástico Sur (http://www.fantasticosur.com/) e lá decidi passar a noite no Parque para poder aproveitar mais a beleza daquele lugar. Uma semana antes de eu viajar saiu no caderno viagem da Zero Hora a seguinte manchete "ESTE LUGAR EXISTE", trazendo na capa uma foto incrível. E este lugar era exatamente Torres del Paine.
   Lá no Parque existem quatro opções de hospedagem - camping, refúgio, hotel e resort. A escolha vai depender do seu orçamento. Optei pelo refúgio, que é uma espécie de albergue, com quarto (6 camas) e banheiro coletivos. Por uma noite paguei 102 dólares. Incluía lanche, almoço e jantar, além de roupa de cama. Era a opção mais completa. Se você não quiser gastar tanto pode optar por reservar só a cama. Daí terá que levar saco de dormir. O hotel mais em conta era cerca de 300 dólares a diária. 
    O ônibus para Torres del Paine custa 15 mil pesos ida e volta (Bus Gomes) e a entrada no Parque mais 15 mil pesos (cerca de 32 dólares). Por causa do incêndio, o ônibus não podia entrar. Então ao chegar no portão de entrada tive que contratar uma van, que me deixou em frente ao Refúgio Central, onde me hospedei. A van saiu 2.500 pesos.
    O primeiro ônibus chega ao Parque às 11h. Se você conseguir fazer qualquer trilha em menos de 7h não precisará dormir no parque, pois a última van, que leva você até o ônibus, sai de lá às 19:30.   
    Só existiam duas trilhas abertas ao público - do Hotel Las Torres até o Refúgio Dickson e do Hotel Las Torres até o Mirador Las Torres. Escolhi fazer esta última porque disseram que a vista era imperdível. 
    Assim que cheguei, perguntei ao recepcionista do Refúgio se era tranquilo fazer a trilha sozinha. Ele falou que não tinha problema, porque eu ia encontrar muita gente no caminho. Então às 11:30 da manhã parti rumo a maior aventura que já fiz na vida. No caminho avistei um Rosso Colorado, uma espécie de raposa. Percebi que tinha um turista chinês correndo que nem um maluco com uma máquina fotográfica na mão. Parei para ver o que era e para minha sorte o Rosso veio em minha direção. Daí foi só fotografar.

     Eu sinceramente não tinha ideia de que a trilha era tão difícil. Por cerca de uma hora de caminhada não cruzei com um vivente que fosse. Comecei a ficar preocupada. Em seguida encontrei um grupo de cinco chilenos que ficaram espantados por eu estar fazendo a trilha sozinha. Diziam "adelante Brasil, que valente".
    As paisagens durante o percurso eram deslumbrantes.

 
 


     Levei 5 horas para subir 886 metros, sendo que a parte final era uma subida íngreme com pedras soltas.

     Quando cheguei na placa que dizia "faltam 45 minutos" e olhei para cima quase desisti. Mas por sorte encontrei duas paulistas que estavam descendo e me incentivaram a continuar. Ainda bem que dava para tomar água que descia das montanhas porque minha garrafa de água já tinha acabado na metade do percurso. Quando cheguei ao final da subida e me deparei com a vista só pude dizer: "MEU DEUS, QUE LUGAR É ESTE?"


    



     Acho que nunca tinha visto algo igual. A natureza é maior do que qualquer coisa! Fiquei observando por cerca de 20 minutos, atônita com tanta beleza.






Valeu todo o esforço. E que esforço!


    Para minha sorte, no retorno para o Refúgio conheci o Mauro, um brasileiro que mora em Florianópolis e que viaja somente para fazer trekking. Ele ficou impressionado quando eu disse que era praticamente sedentária e que estava fazendo a trilha sozinha. Ele disse: "Você é maluca. Começou fazendo a trilha mais difícil do Parque." E eu disse que não tinha ideia de que era nesse nível. Devo ser maluca mesmo. Meu corpo doía inteiro. Ele me deu um comprimido indicado para esse tipo de dor e me emprestou um de seus bastões. Quando contei a história para uma amiga ela perguntou se eu não fiquei com medo de tomar o comprimido. Que nada, eu tomaria qualquer coisa que ele me desse. Faria qualquer coisa para sentir meu corpo de novo, sem dor, claro...kkk. Então, gracias Mauro, meu salvador!
    Depois de 26 km, segundo o GPS de pulso do Mauro, que levei 8:30h para percorrer, eu estava no Refúgio. Só queria tomar banho, comer e dormir. O mais difícil, confesso, foi ter que subir no beliche. Doía até a unha do pé. E o Mauro queria que eu fizesse outra trilha com ele no dia seguinte. Meu amigo Mauro, no outro dia eu não conseguia nem caminhar direito.  
    Eu recomendo e muito esta trilha. Faria tudo novamente. O sentimento de superação quando você atinge seu objetivo é incrível. Agora entendo as pessoas que fazem trekking. É um vício.
    No outro dia de manhã, fiquei sentada observando as Torres ao longe, relembrando do feito do dia anterior, e fui às lágrimas.

     Esses dias li um texto da Martha Medeiros dizendo que a boa notícia era que ela ainda se emocionava. Posso dizer que ainda me emociono também. Aliás, fazia tempo que não me emocionava assim.     
     A vida é realmente maravilhosa se você se permitir sentir, sentir tudo excessivamente, como diria Fernando Pessoa.
    Retornei a Puerto Natales onde passei a noite e no dia seguinte às 8:30h parti para El Calafate, na Patagônia Argentina. Contratei o ônibus pela empresa Cootra (fone: 02902 421448. Calle Baquedano # 244). Recomendo que você reserve com antecedência este trecho, pois só tem um ônibus diário. A passagem sai por 20 mil pesos (ida e volta) e a viagem dura em torno de 6 horas. A empresa Pacheco também começou a fazer o trecho Puerto Natales - El Calafate.
   




   

quarta-feira, 8 de fevereiro de 2012

ISLA MAGDALENA

    
     


     Isla Magdalena localiza-se no Estreito de Magalhães, a 35 km ao norte de Punta Arenas. Foi reconhecida como monumento natural em 1982 e tem uma população estimada em 60 mil casais de pinguins de magalhães. Mas posso afirmar para vocês que existem bem mais do que isso. Para quem gosta de pinguins como eu este passeio é simplesmente IMPERDÍVEL!




     Recomendo duas agências locais que fazem o passeio: Canales Solo Expediciones (http://www.soloexpediciones.com/es/) e Turismo Comapa (http://www.comapa.com/en/). Eu fiz o passeio com a primeira e custou 39 mil pesos chilenos (cerca de 78 dólares) com duração de quatro horas, sendo que permanecemos na Isla Magdalena por uma hora. Com a Comapa o passeio sai por 25 mil pesos. A diferença é que na Canales o barco é menor (uma espécie de lancha) e inclui a Isla Marta, onde você poderá observar lobos marinhos. Só que não se pode descer, então é bom que você tenha uma câmera fotográfica com um bom zoom para poder vê-los. Eu ainda recomendo que você vá pela Comapa que é uma espécie de agência do governo. O único inconveniente desta agência é que o passeio não sai todos os dias. Por isso acabei contratando com a Canales Solo, que possui saída todos os dias. Informe-se no site da Comapa para ver quais os dias em que o passeio está confirmado. E tenha sempre em mente que, mesmo confirmado, ele pode ser cancelado no dia tendo em vista que vai depender das condições climáticas e de navegação.
      Às 7h da manhã parti rumo ao "incrível mundo dos pinguins". No caminho ainda tive a felicidade de ver vários golfinhos.
         Eu fui a primeira a descer na ilha e a última a subir no barco. O guia começou a ficar de olho em mim, pois eu devia estar parecendo uma maluca. Tentei perseguir alguns, mas não obtive resultado. A Raquel falou que eu estava fazendo o censo dos pinguins. Tive que rir! Depois de uma hora na ilha, estava com 300 fotos na máquina e o guia só me olhando! 
       Este dia foi realmente muito especial, pois realizei um grande sonho. E para minha alegria era a época de filhotes. As fêmeas ficavam de olho neles, ainda mais comigo perto!
      Registro aqui algumas das imagens que mais me emocionaram.